“O maior presente que um pai pode dar a um jovem atleta é a confiança para crescer com autonomia.”
Amor que pressiona, amor que liberta
Muitos pais sonham junto com seus filhos no esporte. Vibram com cada conquista, se emocionam com cada jogo e querem o melhor para seus atletas. No entanto, entre o desejo de ajudar e o medo de falhar, alguns cruzam uma linha perigosa: interferem no espaço do treino, opinam sobre decisões técnicas, corrigem posturas e cobram resultados sem entender o momento do filho.
É preciso lembrar: treinamento é momento do atleta. É onde ele se descobre, erra, aprende, experimenta. É onde o treinador é referência e o campo é o espelho do crescimento.
O que significa respeitar o momento do treino?
O treino é muito mais do que repetição de fundamentos. Ele é um espaço estruturado pedagogicamente, onde o atleta desenvolve: Habilidades motoras e técnicas; Disciplina e mentalidade; Autonomia emocional; Relacionamentos com colegas e treinadores; Capacidade de escuta e adaptação.
Quando os pais tentam controlar ou “melhorar” esse processo de fora para dentro, acabam quebrando a confiança e o vínculo de segurança do jovem com o espaço de formação.
Quando o apoio vira pressão?
Muitos pais dizem:
“Eu só quero ajudar!”
“Estou aqui para dar suporte!”
“Eu conheço o futebol, sei como funciona!”
Mas a ajuda, quando não é pedida e nem adequada, se transforma em pressão emocional.
Sinais de que a intervenção está sendo excessiva:
- Corrigir o filho após o treino, com tom crítico
- Opinar sobre posicionamento, decisões técnicas ou substituições
- Questionar o treinador na frente do atleta
- Comparar o filho com outros colegas
- Recompensar apenas se o filho for titular ou fizer gol
- Gritar instruções durante o jogo
Isso tudo gera confusão de autoridade, medo de errar, ansiedade de desempenho e, muitas vezes, abandono precoce da carreira.
O que a psicologia do esporte nos mostra?
Pesquisas em psicologia esportiva apontam que:
- A interferência paterna excessiva está entre as principais causas de ansiedade em atletas de base
- Atletas que se sentem pressionados por pais têm menor prazer no jogo e maior propensão a abandonar o esporte
- A relação tripla (pai–atleta–técnico) deve ser construída com clareza de papéis e respeito mútuo
Segundo a psicóloga esportiva Christina Leclair (2021):
“O atleta precisa sentir que o treino é um espaço seguro de construção, onde o erro é permitido. Quando o pai invade esse espaço com cobranças ou correções, ele destrói essa segurança.”
Como os pais podem realmente apoiar?
Seja um porto seguro, não um fiscal: Em vez de corrigir, ouça. Em vez de exigir, pergunte. Em vez de comandar, confie.
Fortaleça o emocional: Diga frases como:
– “Eu te admiro por se dedicar.”
– “O importante é seu esforço, não só o resultado.”
– “Confio no seu processo e no seu treinador.”
Permita que o erro exista: O erro faz parte do treino. Não corrija lances, não exija perfeição. Treinar é o espaço onde o erro vira aprendizado.
Confie na equipe técnica: Se há algo a conversar, faça fora do olhar do atleta, com humildade e abertura. Lembre-se: você é pai/mãe, não o treinador
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