A história de luta em favor dos direitos humanos vivida pelo líder abolicionista Luiz Gama foi homenageada em uma peça teatral encenada no Conselho Federal da OAB, em Brasília, na segunda-feira (26/2). Conselheiros e membros do Conselho Federal estavam junto ao público, que se emocionou com a interpretação do ator e roteirista Deo Garcez.
Intitulada “Luiz Gama – uma voz pela liberdade”, a obra dirigida por Ricardo Torres narra as motivações e os principais passos dados pelo responsável por alforriar, por via judicial, mais de 500 pessoas da condição de escravidão.
De acordo com o presidente do CFOAB, Beto Simonetti, o objetivo da iniciativa foi amplificar a mensagem de igualdade, justiça e respeito pelos direitos humanos que Luiz Gama defendeu. “Ele foi não apenas um ícone da luta pela abolição da escravidão em nosso país, mas também um exemplo inspirador de coragem, determinação e compromisso com a justiça. É fundamental reconhecer e celebrar as figuras históricas que dedicaram suas vidas à promoção da igualdade e da liberdade. Com sua atuação incansável na defesa dos direitos dos escravizados, Luiz Gama deixou um legado que continua a inspirar gerações”, avaliou.
Deo Garcez elogiou a iniciativa da OAB. “Quando o Conselho Federal faz essa reparação histórica a Luiz Gama, faz, também, a toda uma ancestralidade preta, negra, invisibilizada. Uma reparação a todas as pessoas que tiveram suas vidas perdidas por conta da escravidão, que infelizmente suas consequências permeiam até hoje. E esse ato da OAB é uma forma de reparar, de dizer ‘parem com a escravização, parem com o racismo’”, afirmou o ator.
Ainda segundo Garcez, é uma grande emoção reviver os passos dessa figura histórica. “Eu sempre me identifiquei com qualquer revolta, com qualquer questionamento, indignação, com relação à injustiça. E quando se trata de uma injustiça histórica cometida contra heróis e heroínas negras e negros brasileiros, isso me toca muito, toca a minha história, toca a história da minha ancestralidade”, revelou.
Sobre o líder
Nascido em Salvador (1830-1882), filho de um português com uma mulher negra liberta, Luiz Gama foi vendido como escravizado pelo próprio pai quando tinha 10 anos. Alforriado sete anos mais tarde, estudou Direito como autodidata e passou a exercer a função, defendendo pessoas que tiveram a mesma condição. Também foi ativista político, poeta e jornalista.
Vítima de exclusão histórica, Luiz Gama recebeu em 2015, após 133 anos de sua morte, o título de advogado da OAB.